Lang Lang e a
Filarmônica de NY: o programa eram dois concertos de Mozart para piano - em
Sol maior e Dó menor. Não era
familiarizada com nenhum dos dois, o concerto em Sol maior foi uma gratissima
surpresa, uma alegria pura. A regata de paetê branco de Lang Lang, confesso, me
distraiu em alguns momentos. Entre um concerto e outro ele demorou para voltar
ao palco e eu pensei: "pronto, foi trocar de roupa" e a imagem de
Lang Lang num esvoaçante vestido
vermelho tomou o meu córtex de assalto. Para meu desapontamento, ele voltou com
a mesma regata simplinha de paetês, quase discreta sob a casaca do smoking.
Dei umas choradinhas durante o concerto, porque não é sempre
que testemunho música tão bonita e tão bem executada. Os pianíssimos eram de
jogar um sapato, tamanha a ostentação de virtuosismo coletivo.
Hedwig and the Angry
Inch: escrevi sobre aqui.
Found: escrevi
sobre aqui.
Side Show: Chato.
Desculpa. A montagem é linda, o elenco é muito bom, o cenário, os figurinos, a
luz, tudo é lindo. Mas a peça é piegas e perde várias oportunidades de ir mais
fundo por se levar a sério demais. O que poderia ser engraçado + triste é só
uma longa e aborrecida sequência de baladas auto-piedosas sobre ser diferente,
excêntrico e bla bla bla (nenhuma novidade aí).
Devo dizer que fui assistir super de coração aberto e que, sim, eu estava num bom dia. Mas a peça não me convenceu. No entanto, o show tem
uma fanbase animada, algumas músicas eram aplaudidas já no início. E, claro, os
atores cantam muito bem. Sempre torço para dar certo, no fim das contas.
Death of Klinghofer:
Puxadíssimo. Ainda não sei o que pensar; é o tipo de obra que gera sentimentos
e pensamentos conflitantes. Uma ópera sobre terrorismo? E a música é linda. Isto não piora as coisas? Dar voz para terroristas não seria
temerário? E, no entanto, fica claro que não há justificativa
possível, nem fundo, nem fim, para a violência.
O início da ópera é especialmente perturbador, com um coro de palestinos e judeus em dois belíssimos momentos musicais que abrem e encerram o primeiro ato. Os sentimentos são confusos. Estariam os autores tornando bela a violência, racionalizando um ato estúpido? No final, o choque e a vontade de chorar predominam. A obra abre caminho para algum diálogo? Ou apenas abre feridas? Não sei, não sei. Saí do teatro precisando de um drinque forte.
O início da ópera é especialmente perturbador, com um coro de palestinos e judeus em dois belíssimos momentos musicais que abrem e encerram o primeiro ato. Os sentimentos são confusos. Estariam os autores tornando bela a violência, racionalizando um ato estúpido? No final, o choque e a vontade de chorar predominam. A obra abre caminho para algum diálogo? Ou apenas abre feridas? Não sei, não sei. Saí do teatro precisando de um drinque forte.
A produção, claro, é deslumbrante. O elenco é forte,
honesto, com vozes lindas e uma direção brilhante. Paulo Szot é aquela força da natureza, sempre
intenso e verdadeiro. E Michaela Martens é a voz para encerrar qualquer
discussão.
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